Este documento, escrito por Clifford Geertz e intitulado "ANTHROPOLOGY", discute os desafios e a natureza multifacetada da antropologia como uma disciplina acadêmica. Geertz começa destacando a diversidade de atividades realizadas por antropólogos, que variam desde a observação de babuínos até a decodificação de hieróglifos maias, e como essas atividades são todas abrangidas sob a mesma disciplina, apesar de suas diferenças substanciais. Ele argumenta que essa variedade contribui para uma crise de identidade dentro da antropologia, pois os praticantes frequentemente se perguntam como seu trabalho difere do de sociólogos, historiadores, psicólogos ou cientistas políticos.
Geertz menciona a dificuldade de definir a antropologia de maneira coesa, dado que ela consiste em uma coleção de ciências bastante diferentes reunidas pelo fato de lidarem, de alguma forma, com "o Homem e suas Obras". Ele destaca que as várias subdisciplinas da antropologia (arqueologia, antropologia física, antropologia cultural/social e linguística antropológica) formaram um consórcio, cuja lógica sempre foi obscura. A ideologia dos "Quatro Campos" ajudou a manter essa disciplina unificada, apesar de suas visões e pesquisas díspares.
À medida que outras ciências avançam tecnicamente, a lógica começa a prevalecer, e algumas subdisciplinas, como a antropologia física e a linguística, começam a se distanciar da aliança antiga. Geertz discute a crescente autonomia da arqueologia, que pode eventualmente se renomear para algo mais ambicioso. Ele aborda também a "desaparição do sujeito" na antropologia social-cultural, já que os grupos antes considerados "intocados" estão cada vez mais integrados a sistemas maiores, como foi o caso dos índios americanos, aborígenes australianos e nilotas africanos.
A perda do isolamento na pesquisa é outro ponto abordado por Geertz. Ele nota que, quando antropólogos trabalham em sociedades modernas, eles se deparam com economistas, cientistas políticos, historiadores e outros profissionais, o que torna a prática antropológica mais complexa e interdisciplinar. Apesar disso, a etnografia de campo continua sendo central na metodologia da antropologia social-cultural, destacando a abordagem holística e humanista da disciplina.
Finalmente, Geertz reflete sobre o impacto da antropologia fora do seu campo, mencionando sua influência em áreas como história, filosofia, crítica literária e até mesmo em algumas ciências duras. Ele conclui destacando a tensão entre manter a tradição e desenvolver novas abordagens dentro da antropologia.