O documento examina as razões que explicam a manutenção e persistência das unidades de trabalho familiar no setor agrícola dos países capitalistas avançados, destacando alguns obstáculos ao desenvolvimento da agricultura capitalista. A persistência dessas unidades questiona a teoria de Marx sobre a natureza transicional da pequena produção de mercadorias e, consequentemente, o marxismo é geralmente considerado insuficiente para justificar a viabilidade da produção familiar. Duas teorias comuns para explicar esse fenômeno também são investigadas, mas consideradas inadequadas. O artigo sugere que uma análise aprofundada da obra de Marx revela como a peculiaridade do processo produtivo em certas esferas da agricultura é incompatível com as exigências da produção capitalista, tornando essas esferas desinteressantes para a produção capitalista. Discute-se as implicações da distinção entre tempo de produção e tempo de trabalho no desenvolvimento da agricultura capitalista, mostrando que as diferenças entre esses tempos têm um efeito adverso na taxa de lucro, no uso eficiente do capital e no funcionamento dos processos de circulação e realização. Conclui-se que a razão para a manutenção das unidades familiares na agricultura não deve ser buscada na capacidade de auto-exploração do trabalho familiar ou na aplicação da tecnologia, mas na lógica e natureza do próprio capitalismo. A sobrevivência de unidades de produção não-capitalistas no capitalismo avançado desafia a teoria de Marx sobre a universalidade do capitalismo, mostrando que a lógica do desenvolvimento capitalista não eliminou completamente as formas pré-capitalistas de organização econômica e social. O artigo argumenta que a persistência dessas unidades é melhor explicada pelas categorias marxistas, em vez de refutar a análise de Marx sobre o desenvolvimento capitalista.